segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Nota da CMP sobre Conjuntura: Rumo ao 5º Congresso Nacional!


 As manifestações de junho e julho colocaram o país num novo patamar de discussões, impondo aos governos e partidos de esquerda, bem como aos movimentos populares, uma profunda avaliação de métodos e políticas para levar adiante nossas propostas programáticas.
Nas manifestações de junho predominou um “desencontro” entre massa e movimentos organizados, abrindo caminho, inclusive, para que a direita se aproveitasse, aqui-ali, das passeatas, infiltrando agentes fascistas e provocadores e até colocar de forma “submarina” propostas que nada tem a ver com o núcleo central dos protestos que é a luta pela REFORMA URBANA e todo o programa e políticas públicas que lhe são intrínsecas: mobilidade, moradia digna, saúde e educação públicas e de qualidade, enfim, O DIREITO ÀS CIDADES!!
Pela ação das massas no meio urbano, os antagonismos provocados por um capitalismo senil foram colocados no centro da conjuntura política do país, apontando claramente para uma agenda transformadora, de reformas estruturais, onde os recursos públicos sejam direcionados para atender às necessidades básicas da população e fortalecendo uma estratégia de nação soberana e socialista.
As grandes regiões metropolitanas do país tem ficado insustentáveis. A construção das cidades, com o adensamento populacional e dos equipamentos públicos, representaram um progresso histórico, nas relações humanas, sociais e culturais, tão deprimidas no período feudal. No entanto, o sistema capitalista, limitado por ter como pilar a propriedade privada e a exploração do trabalhador, não dá conta de vencer os desafios históricos colocados nos grandes conglomerados urbanos, onde a questão do uso e ocupação do solo e as mazelas da especulação imobiliária excluem milhões de viver e morar dignamente e inviabilizam qualquer tipo de planejamento urbano.
Por outro lado, a priorização das obras da Copa do Mundo foram amplamente rechaçadas pela população. Os gastos exorbitantes para a construção dos estádios, a submissão à FIFA e a clara possibilidade de ociosidade desses equipamentos no pós-Copa, vem sendo cobrados constantemente pela população junto aos governos nacional e locais.
Os movimentos populares e a particularmente a CMP, como referencia principal dos movimentos populares, veem como necessários abraçar duas posturas políticas fundamentais: primeiro, rechaçar qualquer tentativa de aproveitamento da direita diante da conjuntura de crise (que na verdade é a crise deles, como representantes de um sistema capitalista) e, segundo, reafirmar a autonomia dos movimentos populares em relação aos governos que, embora se colocando à esquerda, acabam se enredando no funcionamento de um Estado cujo código genético foi programado para servir aos grandes capitalistas, detentores de grandes fortunas, enfim, à elite parasita da sociedade. Em resumo, a CMP se opõe a governos que se propõem a “administrar a crise do capitalismo!!”
Construir um norte político-programático é o desafio que os segmentos democrático-populares e socialistas da sociedade têm pela frente. Está cada vez mais inaceitável e indefensável as justificativas para que governos de esquerda fiquem a reboque dos projetos da grande burguesia. É possível constatar, inclusive, que alguns governos que se colocam como “esquerda” manifestam clara ilusão com esses projetos. A postura de classe de banqueiros, grandes empresários e agroempresários é de acumular capital sobre a proteção de governos progressistas, na medida em que esses governos sirvam de muro de contenção das massas. Frente a qualquer instabilidade, certamente deixarão “na chuva” esses mesmos governos “aliados”. Isso ficou evidenciado mais uma vez na conduta da grande mídia frente aos protestos de junho.
De outra parte, a mobilização de 11 de julho mostrou que é imprescindível fortalecer a frente Movimentos Populares-Sindicatos-Movimentos do Campo, para construir um salto de qualidade no processo. Superar a fragmentação programática e cimentar a unidade política são questões colocadas no balanço do “11 de julho”, quando as manifestações foram quantitativamente menores que as de junho, puxadas pelo MPL, VEM PRA RUA etc. mas, qualitativamente, tiveram a mesma importância política e, mais à frente, todos, por uma necessidade colocada pela luta-de-classe, vão se encontrar num movimento único, com ampla base de classe e popular, unindo cidade e campo, para avançar para as transformações sociais e estruturais.
Na construção do V Congresso Nacional da CMP, reforçamos o nosso apoio à reforma política e ao Plebiscito como tática de garantia de uma profunda reforma política, à reforma do Judiciário (que se mostra sempre como o poder mais conservador da República), ao Programa Mais Médicos, para fortalecer a atenção primária e o SUS; à destinação dos royalties do petróleo para a Educação, aos ajustes no Minha Casa Minha Vida, com a ampliação do acesso dos movimentos para financiamento da construção por autogestão.
Reafirmamos nossa bandeira pelo Socialismo como norte estratégico dos movimentos populares, deixando claro que a crítica e autocrítica expostas nesta análise têm duas direções claras:
  • Estamos atentos aos movimentos da direita, dentro e fora do Congresso Nacional, que tentam golpear as conquistas populares do último decênio, incluindo as manobras conduzidas pela grande mídia visando golpear o povo nas eleições de 2014, seja estimulando candidaturas da direita, seja estimulando a divisão do campo de esquerda;
  • A CMP interpreta as manifestações de rua como um estímulo político para a Central e seu V Congresso, no sentido da renovação interna, da massificação cada vez maior das suas ações e da inadiável construção do Socialismo, como saída para o Brasil e para o Mundo.

Ipatinga (MG) 30 de julho de 2013.
Direção Nacional da CMP

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